segunda-feira, 29 de março de 2010

O pensamento sistêmico na Comunicação Organizacional

         CHAGAS, Daiana Weber
           As organizações são sistemas de comunicação autopoieticos, emergentes, autônomos, interdependentes e constituídos de sentidos. A teoria geral dos sistemas dedica-se a explicar a complexidade do mundo. Neste paradigma a comunicação organizacional é vista como processo de construção e disputa de sentidos no âmbito das relações organizacionais. As organizações são estruturadas como sistemas auto- organizados e a comunicação como seu principal processo dinamizador. A sociedade inerente aos sistemas organizacionais não se resume a uma maneira especifica de ação, mas ação seria construída por meio de comunicação e redução de complexidade.
          A Teoria Geral dos Sistemas, explica que um sistema pode ser definido como um conjunto de objetos ou entidades que se inter-relacionam mutuamente para formar um todo único. Uma das distinções mais comuns é a que se estabelece entre sistemas fechados e abertos. As abordagens sistêmicas são recentes no campo das ciências sociais. Na teoria sistêmica, toda sociedade é um sistema constante e estável de elementos; toda sociedade é um sistema equilibrado de elementos; cada elemento de uma sociedade contribui para o funcionamento desta; cada sociedade se mantém graças ao consenso de todos os seus membros sobre determinados valores comuns.
          A comunicação, pela perspectiva sistêmica, é vista como um sistema aberto. As relações públicas é vista como a administração dessa própria comunicação entre empresas e instituições e seus diversos públicos. Em oposição a essa teoria, Dahredorf elabora a teoria do conflito: onde toda sociedade e cada um de seus membros estão submetidos a todo momento à mudança, toda sociedade é um sistema de elementos contraditórios em si e explosivos; cada elemento dentro da sociedade contribui para sua mudança; se mantém graças à coação que alguns de seus membros exercem sobre os demais.
           Complexidade não é uma operação, é a unidade de uma multiplicidade. A complexidade é uma simultaneidade de acontecimentos ocorridos e não-ocorridos. O conceito de comunicação é central na “teoria dos sistemas”, a comunicação é o dispositivo fundamental da dinâmica evolutiva dos sistemas. Sem observador não há complexidade, as relações fazem parte da redução da complexidade. O mundo social, é totalmente sistêmico, e a comunicação, quase impossível. A comunicação social é sistêmica e auto-referente. Um processo de comunicação deve sempre ser preservada certa dose de “abertura” com o meio, a qual garanta um fluxo regular de informações que possam se incorporar à ação seletiva sistêmica.  Haebermas agrega um elemento novo a visão de Luhmann e não desconhece a existência de sistemas. Para ele, os sistemas estão subordinados a reguladores, sendo os dois mais importantes deles o dinheiro e o poder. Em razão desses dois elementos, a comunicação seria dificultada, prevalecendo, apenas as trocas de informações. A comunicação tanto é possível quanto fundamental.
         O sistêmico atua apenas nas regras básicas necessárias ao bom desenvolvimento das organizações, cuidando da acumulação de capital ou pela obtenção e manutenção de poder. Os Relações Públicas, influenciados pela teoria sistêmica em suas funções, fazem da comunicação, uma gestão de relacionamentos, estratégias, mudanças e desenvolvimento desses sistemas nas organizações. A comunicação organizacional, sob o comando do comunicador que segue a teoria sistêmica, tem por função nas empresas e instituições, intermediar desejos, compatibilizar comportamentos, atenuar conflitos e apaziguar ou estimular sentimentos. A tarefa do comunicador social, pela perspectiva habersiana, é uma ação dialética basicamente de convencimento mutuo: individual e intrasferivel.
         A sociedade, os grupos, as organizações, as instituições experimentam diferentes níveis de mudanças, porém estáveis. Pela complexidade, o sujeito pensante é concebido como produtor de seu pensamento e de suas construções. As trocas de informações entre os públicos das organizações possibilitam que as políticas de comunicação obtenham eficácia, com também conquistem uma boa imagem e clima organizacional. Cabe ao comunicador formatar estratégias de comunicação, que promovam mudanças, seleções e que principalmente trabalhem a recepção de informações.
         Nas organizações do século XXI, o pensamento sistêmico, principalmente a teoria dos conflitos é muito presente no dia a dia, dos processos administrativos e comunicacionais. Encontram-se diversos sistemas complexos. Em uma organização, existem diferentes culturas, pensamentos, formas de entendimento do mundo. A complexidade organizacional possui setores que tanto na teoria quanto na prática, deveriam se inter relacionar. Para trabalhar essa inter e intra setores, a comunicação organizacional que faz parte do processo administrativo de uma organização, é um meio de se estabelecer relacionamento entre públicos e explorar a complexidade. Para que ocorra comunicação, dentro de uma organização, primeiramente, necessita-se trabalhar e instalar uma cultura nesta organização, levando em conta o pensamento sistêmico e a complexidade da recepção de mudanças por cada individuo, para que posteriormente ocorra uma mudança e uma comunicação eficaz. As organizações devem estar atentas as mudanças organizacionais e as necessidades apresentadas pelos funcionários, mídia, consumidores e pela sociedade. A “cultura” das organizações esta sempre evoluindo e sofrendo influências da mídia, sociedade e dos próprios funcionários, ou seja, mudanças organizacionais estão sempre acontecendo. Como na tese de Dahrendorf, as teorias dos conflitos, os processos de mudanças organizacionais acontecem a todo o momento, acompanhando as mudanças da sociedade e de seus costumes. Cabem as organizações se adaptarem aos surgimentos de novas necessidades, tanto humanas como comunicacionais, para assim agregarem visibilidade e legitimidade, não estando anônimas para os ensejos comunicacionais. Assim, torna-se evidente a influência da teoria dos sistemas nos estudos da comunicação organizacional
         Dentro dessa teoria, que a organização é um sistema de atividades a cooperação entre as pessoas é essencial para a existência da organização. As mudanças e transformações que afetam as organizações de hoje, com a introdução de novas e diferentes tecnologias, a alteração do comportamento das pessoas, os processos internos, fazem parte de um todo, extremamente complexo. Por isso, a teoria da complexidade é meio para entender os processos de inovação, sendo um novo modo de investigação das mudanças.
         Todas essas mudanças têm alterado também conceitos e paradigmas na forma como as organizações comunicam-se com os seus públicos. As máquinas e as tecnologias até podem ser complexas, mas não mais que o próprio homem em uma organização.

Resenha:
KUNSCH, Margarida Maria K (org). Comunicação Organizacional: Histórico, fundamentos e Processos. Vol I. São Paulo: Saraiva, 2009. (cap 5, cap 8 e cap7)

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